quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Hoje é o aniversário de Auta de Souza, 
um dos maiores vultos históricos de
Macaíba
Enquanto Auta de Souza conquistou um espaço no mundo espírita e literário em outros estados do Brasil, em Macaíba, sua terra natal, nem parece que hoje é celebrado seu aniversário. 
Não defendo o louvor a vultos históricos, pois acredito que a história é o motor do mundo e não pessoas. Mas ignorar a importância de uma mulher que conseguiu publicar um trabalho (o livro Horto) no início do século XX, época em que as mulheres ainda sofriam muitas discriminações, é equivalente a desconsiderar o processo de conquistas que as mulheres tanto lutaram ao longo da história. 
Auta de Souza nasceu em Macaíba, no dia 12 de setembro de 1876 e faleceu em Natal, em 7 de fevereiro de 1901. Ela foi uma poetisa da segunda geração romântica, autora do livro Horto.
Escrevia poemas românticos com alguma influência simbolista, e de alto valor estético. Segundo Luís da Câmara Cascudo, é "a maior poetisa mística do Brasil".
Filha de Elói Castriciano de Souza e Henriqueta Leopoldina Rodrigues e irmã dos políticos norte-rio-grandenses Elói de Sousa e Henrique Castriciano.
Ficou órfã aos três anos, com a morte de sua mãe por tuberculose, e no ano seguinte perdeu também o pai, pela mesma doença. Sua mãe morreu aos 27 anos e seu pai aos 38 anos.
Durante a infância, foi criada por sua avó materna, Silvina Maria da Conceição de Paula Rodrigues, conhecida como Dindinha, em uma chácara no Recife, onde foi alfabetizada por professores particulares. Sua avó, embora analfabeta, conseguiu proporcionar boa educação aos netos.
Aos onze anos, foi matriculada no Colégio São Vicente de Paula, dirigido por freiras vincentinas francesas, e onde aprendeu Francês, Inglês, Literatura (inclusive muita literatura religiosa),3 Música e Desenho. Lia no original as obras de Victor HugoLamartine,Chateaubriand e Fénelon.
Quando tinha doze anos, vivenciou nova tragédia: a morte acidental de seu irmão mais novo, Irineu Leão Rodrigues de Sousa, causada pela explosão de um candeeiro.
Mais tarde, aos catorze anos, recebeu o diagnóstico de tuberculose, e teve que interromper seus estudos no colégio religioso, mas deu prosseguimento à sua formação intelectual como autodidata.
Continuou participando da União Pia das Filhas de Maria, à qual se uniu na escola. Foi professora de catecismo em Macaíba e escreveu versos religiosos. Jackson Figueiredo (1914) a considera uma das mais altas expressões da poesia católica nas letras femininas brasileiras.3
Começou a escrever aos dezesseis anos, apesar da doença. Frequentava o Club do Biscoito, associação de amigos que promovia reuniões dançantes onde os convidados recitavam poemas de vários autores, como Casimiro de AbreuGonçalves DiasCastro Alves,Junqueira Freire e os potiguares Lourival AçucenaAreias Bajão e Segundo Wanderley.

A frustração amorosa

Por volta de 1895, Auta conheceu João Leopoldo da Silva Loureiro, promotor público de sua cidade natal, com quem namorou durante um ano e de quem foi obrigada a se separar pelos irmãos, que preocupavam-se com seu estado de saúde. Pouco depois da separação, ele também morreria vítima da tuberculose. Esta frustração amorosa se tornaria o quinto fator marcante de sua obra, junto à religiosidade, à orfandade, à morte trágica de seu irmão e à tuberculose. A poetisa, então, encerrou seu primeiro livro de manuscritos, intitulado Dhálias, que mais tarde seria publicado sob o título de Horto.

Morte e homenagens póstumas

Auta de Souza veio a falecer em 7 de fevereiro de 1901, a uma hora e quinze minutos, em Natal, em decorrência da tuberculose. Foi sepultada no cemitério do Alecrim, em Natal, mas em 1904 seus restos mortais foram transportados para o jazigo da família, na parede da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Macaíba, sua cidade natal.
Em 1936, a Academia Norte-Riograndense de Letras dedicou-lhe a poltrona XX, como reconhecimento à sua obra.
Em 1951, foi feita uma lápide, tendo como epitáfio versos extraídos de seu poema Ao Pé do Túmulo:
Cquote1.svgLonge da mágoa, enfim no céu repousa
Quem sofreu muito e quem amou demais.
Cquote2.svg

Nenhum comentário:

Postar um comentário