Ex-diretor e professor de História, Luciano Maia
ESCOLA
ALFREDO MESQUITA À DERIVA
Suspensão de gratificação foi a gota d’água
para diretor e vice pedirem demissão dos seus cargos
RÔMULO
ESTÂNRLEY
Enquanto
a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) está apelando para a comparação de dados do
seu governo com o anterior, de Wilma de Faria (PSB), a educação estadual
cambaleia feio.
Em
Macaíba, por exemplo, a direção da Escola Estadual Alfredo Mesquita Filho pediu
demissão, no dia 30 de julho passado, devido a várias angústias enfrentadas pela
gestão escolar. A gota d’água teria sido a suspensão da gratificação de todos
os diretores das escolas da rede estadual.
Pois
é, o colégio, que deveria ser a melhor escola da rede pública de Macaíba, ficou
sem direção por várias semanas. Quem está respondendo pela direção é a
professora Gezilda Xavier de Oliveira Leocádio, aclamada para exercer o cargo
no último dia 12 (quinta-feira), ao lado de Ísis Daniele Costa, sua
vice-diretora.
Numa
entrevista, o ex-diretor Luciano Oliveira Maia confessou que a sua demissão foi
motivada por dois fatores: ausência de resposta da Secretaria Estadual de
Educação para alguns problemas que sobrecarregavam a função. Um deles foi a
falta de um auxiliar de secretaria. “A gente acabava fazendo o trabalho de
secretário”, falou.
O segundo
ponto, que para Luciano Maia pode chocar, mas que pesou muito na sua decisão, foi
a resistência de alguns professores em querer fazer a escola funcionar,
exemplificando o descumprimento de horários (sentido mais intensamente no turno
matutino); além da falta de compromisso do docente, o que gerou muitos embates
entre ele e seus colegas de profissão. “Eu me senti em cima de uma prancha de
surf, tendo que surfar no sentido contrário de um tsunami: você querendo fazer
um trabalho e o Estado não cumprindo a sua parte”, lamentou.
Diante
de todos os problemas enfrentados, o ex-diretor revelou que o estopim da bomba
foi a suspensão de sua gratificação, que é de míseros R$ 727,00, por parte da
governadora Rosalba Ciarlini, no final de julho passado, embora ela tenha
voltado atrás de sua decisão uma semana depois.
Luciano
assumiu a direção do Alfredo Mesquita Filho em 2012, após exercer o cargo de
vice-diretor desde 2010, ao lado de Jandir Júnior, que era o diretor anterior e
que assumia a vice-direção na sua gestão. Para ele, achou a experiência “riquíssima”.
Mas constatou que “no nosso sistema de ensino, não existe uma vontade política
para investir na educação pública; que seja uma educação de qualidade”.
Gezilda Xavier Leocádio: atual diretora |
O ex-diretor
afirma que o problema no colégio não é de ordem estrutural, nem de falta de
recursos financeiros. Para ele, os professores poderiam fazer mais para a escola
funcionar como deveria.
Gezilda
Leocádio, a atual diretora, informa que as dificuldades da escola continuam:
faltam porteiro (no turno noturno), auxiliar de serviços gerais, vigia,
merendeira (noturno). “Na terça-feira, dia 17, quem serviu a merenda fui eu”,
disse a diretora, acrescentando que a coordenadora financeira do colégio,
Eunice Revoredo, acumula as funções de secretária. “Ela, aqui, é o faz-tudo: é Bombril”,
finalizou, brincando.
A
Escola Alfredo Mesquita Filho conta com 721 alunos matriculados, 28 professores
e faltam quatro educadores para suprir a falta de docentes em algumas
disciplinas.
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