quinta-feira, 19 de setembro de 2013

 Ex-diretor e professor de História, Luciano Maia



ESCOLA ALFREDO MESQUITA À DERIVA
Suspensão de gratificação foi a gota d’água para diretor e vice pedirem demissão dos seus cargos

RÔMULO ESTÂNRLEY

Enquanto a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) está apelando para a comparação de dados do seu governo com o anterior, de Wilma de Faria (PSB), a educação estadual cambaleia feio.
Em Macaíba, por exemplo, a direção da Escola Estadual Alfredo Mesquita Filho pediu demissão, no dia 30 de julho passado, devido a várias angústias enfrentadas pela gestão escolar. A gota d’água teria sido a suspensão da gratificação de todos os diretores das escolas da rede estadual.
Pois é, o colégio, que deveria ser a melhor escola da rede pública de Macaíba, ficou sem direção por várias semanas. Quem está respondendo pela direção é a professora Gezilda Xavier de Oliveira Leocádio, aclamada para exercer o cargo no último dia 12 (quinta-feira), ao lado de Ísis Daniele Costa, sua vice-diretora.
Numa entrevista, o ex-diretor Luciano Oliveira Maia confessou que a sua demissão foi motivada por dois fatores: ausência de resposta da Secretaria Estadual de Educação para alguns problemas que sobrecarregavam a função. Um deles foi a falta de um auxiliar de secretaria. “A gente acabava fazendo o trabalho de secretário”, falou.
O segundo ponto, que para Luciano Maia pode chocar, mas que pesou muito na sua decisão, foi a resistência de alguns professores em querer fazer a escola funcionar, exemplificando o descumprimento de horários (sentido mais intensamente no turno matutino); além da falta de compromisso do docente, o que gerou muitos embates entre ele e seus colegas de profissão. “Eu me senti em cima de uma prancha de surf, tendo que surfar no sentido contrário de um tsunami: você querendo fazer um trabalho e o Estado não cumprindo a sua parte”, lamentou.  
Diante de todos os problemas enfrentados, o ex-diretor revelou que o estopim da bomba foi a suspensão de sua gratificação, que é de míseros R$ 727,00, por parte da governadora Rosalba Ciarlini, no final de julho passado, embora ela tenha voltado atrás de sua decisão uma semana depois.
Luciano assumiu a direção do Alfredo Mesquita Filho em 2012, após exercer o cargo de vice-diretor desde 2010, ao lado de Jandir Júnior, que era o diretor anterior e que assumia a vice-direção na sua gestão. Para ele, achou a experiência “riquíssima”. Mas constatou que “no nosso sistema de ensino, não existe uma vontade política para investir na educação pública; que seja uma educação de qualidade”.
Gezilda Xavier Leocádio: atual diretora
O ex-diretor afirma que o problema no colégio não é de ordem estrutural, nem de falta de recursos financeiros. Para ele, os professores poderiam fazer mais para a escola funcionar como deveria.
Gezilda Leocádio, a atual diretora, informa que as dificuldades da escola continuam: faltam porteiro (no turno noturno), auxiliar de serviços gerais, vigia, merendeira (noturno). “Na terça-feira, dia 17, quem serviu a merenda fui eu”, disse a diretora, acrescentando que a coordenadora financeira do colégio, Eunice Revoredo, acumula as funções de secretária. “Ela, aqui, é o faz-tudo: é Bombril”, finalizou, brincando.
A Escola Alfredo Mesquita Filho conta com 721 alunos matriculados, 28 professores e faltam quatro educadores para suprir a falta de docentes em algumas disciplinas.

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