quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Natal se despede do seresteiro Galego Pintor

















O mundo da seresta perde, talvez, o seu mais expressivo nome em Natal: Amarilho Aires de Barros, o popular Galego Pintor. Ele faleceu às 5h, do último dia 21, no Hospital do Coração, onde realizou uma cirurgia de retirada da vesícula, dia 15.
Segundo informações de seus familiares, tudo correu bem, mas uma infecção se alastrou e atingiu os pulmões, levando-o a óbito. Amarilho, de 85 anos, deixou viúva Mariazeth Aires Bezerra, com 7 filhos, 16 netos e 3 bisnetos. Galego Pintor foi sepultado no Cemitério Parque de Nova Descoberta.
Nascido em Puxinanã, localidade do município de Campina Grande/PB, em 30 de julho de 1928, mudou-se para o RN ainda muito jovem. A princípio, residiu em Currais Novos. Alguns anos depois fixou definitivamente residência em Natal. Porém, sempre muito folgazão, não desperdiçava festinhas pelas cidades interioranas e foi em Nova Cruz que ele conheceu uma jovem com quem passou a “flertar”. Impressionado, queria a todo custo um relacionamento sério, que pela indecisão da moça o jeito foi apelar para a “covardia”, usando uma poderosa arma: a sua própria voz.
Numa serenata ao pé da janela, ao cantar a valsa “Algum dia te direi”, que é uma verdadeira declaração musical de amor, Mariazeth entregou os pontos confirmando um namoro sério. Tão sério que, pouco tempo depois, se casaram. E se alguém lá de cima não tivesse dado um “basta!”, no dia 14 de dezembro próximo, iriam comemorar 60 anos de casados.
Dessa união nasceram os filhos Amarilho Filho, Aírton, Maria José, Severino Ramos, Amariles, Amarise e Alberto Franklin.
O admirável no seresteiro Amarilho não era somente sua maviosa voz, seu vastíssimo repertório ou sua boa interpretação. Não, não era só isso. O que impressionava a todos era também a capacidade de liderança que tinha, arrastando juntamente com o saudoso Antônio 7 Cordas ou com Neco, para onde quer que fossem, uma legião de outros seresteiros, para onde atuaram.  
Assim foi no “Café Nice”, no bairro Alecrim; “Feijão Verde”, na Avenida Salgado Filho; “Carne Assada do Toinho”, em Neópolis; “Liberdade Provisória”, em Ponta Negra; “Marrocos Bar”, na Av. Jundiaí; Bar do GG na Avenida 2, e finalmente no Bar do Coelho, onde comandou a seresta-baile por vinte e três anos, no sistema Karaokê, ou seja onde os cantores eram os próprios clientes.
Participou também de programas em várias emissoras de rádio em Natal, sendo o mais marcante o “Mesa de Botiquim”, da Rádio Cabugi, apresentado por Adeodato Reis.
Entretanto, Amarilho não foi apenas seresteiro. Ele dominava com maestria o taco, tendo ganhado vários campeonatos de snooker em Natal. Jogou também futebol e quando alguém perguntava qual sua posição, ele brincava dizendo que jogava de “goleiro esquerdo”, modestamente dando a entender que era fraco.
Não foi, contudo, apenas um seresteiro boêmio, mas sim um honrado trabalhador, sustentando e dando educação à sua numerosa família, com o fruto de seu laborioso ofício de pintor de automóveis, que exerceu pondo em risco sua saúde por 40 anos e que, para marcar sua personalidade, esse ofício deixou para sempre como legado, o seu cognome: Galego Pintor!
(DUDA MEDEIROS)

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