O mundo
da seresta perde, talvez, o seu mais expressivo nome em Natal: Amarilho Aires
de Barros, o popular Galego Pintor. Ele faleceu às 5h, do último dia 21, no
Hospital do Coração, onde realizou uma cirurgia de retirada da vesícula, dia
15.
Segundo
informações de seus familiares, tudo correu bem, mas uma infecção se alastrou e
atingiu os pulmões, levando-o a óbito. Amarilho, de 85 anos, deixou viúva
Mariazeth Aires Bezerra, com 7 filhos, 16 netos e 3 bisnetos. Galego Pintor foi
sepultado no Cemitério Parque de Nova Descoberta.
Nascido
em Puxinanã, localidade do município de Campina Grande/PB, em 30 de julho de
1928, mudou-se para o RN ainda muito jovem. A princípio, residiu em Currais
Novos. Alguns anos depois fixou definitivamente residência em Natal. Porém,
sempre muito folgazão, não desperdiçava festinhas pelas cidades interioranas e
foi em Nova Cruz que ele conheceu uma jovem com quem passou a “flertar”.
Impressionado, queria a todo custo um relacionamento sério, que pela indecisão
da moça o jeito foi apelar para a “covardia”, usando uma poderosa arma: a sua
própria voz.
Numa
serenata ao pé da janela, ao cantar a valsa “Algum dia te direi”, que é uma
verdadeira declaração musical de amor, Mariazeth entregou os pontos confirmando
um namoro sério. Tão sério que, pouco tempo depois, se casaram. E se alguém lá
de cima não tivesse dado um “basta!”, no dia 14 de dezembro próximo, iriam
comemorar 60 anos de casados.
Dessa
união nasceram os filhos Amarilho Filho, Aírton, Maria José, Severino Ramos,
Amariles, Amarise e Alberto Franklin.
O
admirável no seresteiro Amarilho não era somente sua maviosa voz, seu
vastíssimo repertório ou sua boa interpretação. Não, não era só isso. O que
impressionava a todos era também a capacidade de liderança que tinha,
arrastando juntamente com o saudoso Antônio 7 Cordas ou com Neco, para onde
quer que fossem, uma legião de outros seresteiros, para onde atuaram.
Assim foi
no “Café Nice”, no bairro Alecrim; “Feijão Verde”, na Avenida Salgado Filho;
“Carne Assada do Toinho”, em Neópolis; “Liberdade Provisória”, em Ponta Negra;
“Marrocos Bar”, na Av. Jundiaí; Bar do GG na Avenida 2, e finalmente no Bar do
Coelho, onde comandou a seresta-baile por vinte e três anos, no sistema
Karaokê, ou seja onde os cantores eram os próprios clientes.
Participou
também de programas em várias emissoras de rádio em Natal, sendo o mais
marcante o “Mesa de Botiquim”, da Rádio Cabugi, apresentado por Adeodato Reis.
Entretanto,
Amarilho não foi apenas seresteiro. Ele dominava com maestria o taco, tendo
ganhado vários campeonatos de snooker em Natal. Jogou também futebol e quando
alguém perguntava qual sua posição, ele brincava dizendo que jogava de “goleiro
esquerdo”, modestamente dando a entender que era fraco.
Não foi, contudo, apenas um seresteiro boêmio,
mas sim um honrado trabalhador, sustentando e dando educação à sua numerosa
família, com o fruto de seu laborioso ofício de pintor de automóveis, que
exerceu pondo em risco sua saúde por 40 anos e que, para marcar sua
personalidade, esse ofício deixou para sempre como legado, o seu cognome:
Galego Pintor!(DUDA MEDEIROS)
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