A sessão da Câmara Municipal de Macaíba desta quinta-feira, dia 7, foi marcada por bate-boca entre os vereadores. Muita gente compareceu achando que seria definido as datas das audiências públicas sobre o orçamento de 2014, o que não ocorreu. Segundo o vereador Antônio França (PTN), as audiências não poderiam ser marcadas uma vez que a Secretaria Municipal de Planejamento não enviou o PPA (Plano Pluri-Anual) à Câmara Municipal em tempo hábil, o que só deverá ocorrer na próxima semana.
Mas
o que deixou a entender para o público presente é que os vereadores – não todos
–, estavam mais preocupados com o que está sendo publicado constantemente nas
redes sociais de Macaíba contra o Poder Legislativo ao invés de votarem
projetos que beneficiem, de fato, a população macaibense.
Praticamente
todas as discussões giraram em torno do projeto da BIC (Base Integrada Cidadã),
de autoria da vereadora Kátia Sena (PRP), que foi rejeitado na semana passada. A
sensação na plateia era a de que quase todos os vereadores estavam contra a
esposa do ex-vereador Thomás Sena.
Para
o vereador Luiz Gonzaga Soares (PSB), a população está interpretando de forma
equivocada que os vereadores votaram contra a segurança pública. Ele disse que
os blogs publicaram matérias sobre a BIC que estão gerando comentários
negativos contra o Poder Legislativo macaibense. “Só numa matéria há mais de 20
intervenções. A segurança é dever do Estado e da União, conforme a Constituição
Federal, e não do Município (...). Os leigos, que não são assim porque querem,
não conhecem a lei. Mas ninguém diz que o culpado é o governo do Estado”, falou
Luizinho.
O
vereador do PSB mencionou que não é por falta de policiais que estão ocorrendo
vários homicídios na cidade, mas pela falta de investimentos em políticas
públicas ao longo dos anos.
A
vereadora Socorro Nogueira corroborou com o discurso de Luizinho e relatou que,
no dia 7 (quarta-feira), ao andar pelas ruas da cidade, foi abordada por uma
popular que questionou a sua postura diante do projeto de Kátia Sena. “Qualquer
projeto que eu vote contrária, estou votando consciente. Não sou induzida por
ninguém”, disse, acrescentando que a questão da insegurança em Macaíba é devido
a incompetência do Governo do Estado.
Por
sua vez, Kátia Sena justificou que o seu intuito não foi expor nenhum colega
parlamentar, quando apresentou o projeto. Afinal, disse ela, uma das suas
funções é legislar. “Eu acho que eu não infligi ninguém nesse sentido. Se os
blogs estão levando pra esse lado, eles são livres, como nós deveríamos ser”,
falou.
Kátia
sugeriu que a Câmara Municipal deveria utilizar de ferramentas midiáticas para
evitar repercussões negativas, como, por exemplo, a transmissão das sessões
pela rádio comunitária 87 FM, sem custos para o Poder Legislativo. Ela defendeu
que é preciso a Câmara Municipal investir em outros mecanismos para divulgar o
que é discutido entre os vereadores para evitar que haja uma compreensão
equivocada pelo povo.
Fogo contra fogo: mesmo cirurgiada, Kátia Sena enfrentou sozinha vários colegas que discordam do seu projeto de segurança para Macaíba |
“Eu
discordo veementemente dos colegas no seguinte sentido: eu, enquanto vereadora,
vendo essas mortes, fico envergonhada por fazer parte do Poder Legislativo e
dizer: ‘Ah, é competência do Estado’”.
Kátia
Sena revelou que está se dedicando a questão da segurança pública e que está
estudando os lugares onde as experiências na área deram certo. “O Estado já mostrou
que é incompetente. Não só pra isso, mas isso em especial. Então, a gente vai
ficar vendo essas mortes acontecerem?”, questionou, acrescentando que não era
leviana para apresentar um projeto sem antes ter pesquisado a respeito. “A
cidade está sendo exterminada (...). Não me sinto culpada, me sinto responsável”.
Kátia
reconhece que somente o policiamento não resolve, mas já seria um passo. A
parlamentar confessou estar dormindo inquieta todas as noites, ao parafrasear
um dos jovens na Audiência Pública sobre Segurança. “Eu me sinto incomodada por
ser vereadora e dizer o que estou fazendo para contribuir neste processo. Mesmo
reconhecendo que é responsabilidade do Governo do Estado, existem, sim, ações
que podemos fazer aqui”, reforçou.
BATE-BOCA
Mas,
no calor das discussões, entre um aparte e outro, se iniciou um bate-boca
envolvendo Kátia Sena, Edma Dantas Maia (PROS) e Rodrigo Nasser (PSDB). “Algum
problema, vereadora?”, questionou Kátia a Edma, ao observar que a sua colega estaria
resmungando, após lhe negar um aparte e que os gestos de Edma estariam
atrapalhando o seu raciocínio.
Com
Rodrigo Nasser a discussão foi direcionada à questão da transmissão das sessões
da Câmara Municipal pela rádio comunitária 87 FM. Kátia contou que quando fez o
requerimento sobre o assunto um dos primeiros vereadores que procurou foi
Rodrigo. E ele rebateu, alegando que aquele tema era questão de bastidores e
não para ser discutido naquela sessão. “O senhor olhou pra mim e disse: ‘eu não
quero problemas com o prefeito, não”, confrontou Kátia Sena, sendo bastante
aplaudida pelo público.
- A
gente tem que assumir o que fala; tem que ter responsabilidade no que diz (...).
O que estou sentindo de vocês é que estão chateados por causa das redes
sociais. A resposta que eu dou é o meu trabalho. É projeto de lei -
complementou.
Em
seguida, a vereadora do PRP pediu licença ao presidente em exercício Silvan
Freitas para se retirar da sessão, “não por covardia, mas por estar
cirurgiada”. Mas os discursos continuaram.
Kátia
Sena se submeteu a uma cirurgia, dias atrás.
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