terça-feira, 15 de abril de 2014

Audiência Pública proposta por Marcos do PSOL discutiu crise na Segurança Pública

























O Brasil representa 3% da população mundial, mas em se tratando dos homicídios com arma de fogo, esse número sobe assustadoramente para 11%. A informação foi dada pelo presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal no RN (SINPEF), José Antônio Aquino da Silva, com base no mapa da violência 2013, elaborado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (CEBELA).
O avanço da violência está ocorrendo de forma desenfreada e preocupa o vereador Marcos Antônio (PSOL). Foi pensando em se aprofundar so
bre o tema que ele propôs a realização da Audiência Pública para discutir a Crise na Segurança Pública, nesta terça-feira, dia 15, na Câmara Municipal de Natal.
Segundo Marcos Antônio, o objetivo da audiência foi aprofundar a discussão sobre o atual momento em que a sociedade vive na área de segurança em Natal, no RN e no Brasil, analisando a problemática de forma ampla e não apenas pelo viés imediatista e limitado à questão jurídica.
Marcos do PSOL mencionou que tem travado debates até muitas vezes duros, na Câmara Municipal, sobre o tema. E afirmou que a atual crise da segurança pública não se resolve com ações paliativas, por exemplo, aprovando a maioridade penal. “A nossa questão de segurança vai muito mais além. Ela está profundamente relacionada com a questão da precariedade social e com o sistema de organização do aparato de segurança do Estado”, disse o parlamentar do PSOL.
- De que adianta aprovar a maioridade penal, se a “fábrica” de marginais e delinquentes continua aberta? – questionou o vereador.
Marcos alerta que, se a maioridade penal for reduzida, a situação do Brasil ficará semelhante a do Afeganistão, em que uma criança com menos de um ano de idade são enviadas aos tribunais. “Acredito e vejo que o caminho e a solução não é por aí”, enfatizou o propositor da audiência pública. “Precisamos atacar em duas frentes: a área social e uma nova organização no aparato de segurança”.
Na primeira, Marcos Antônio sugere que é preciso, de imediato, fazer uma “política radical intensa”, de colocar todas as crianças numa creche; implantar escolas de tempo integral; fazer um urgente e intensivo combate ao narcotraficante, prendendo todos – mas num local que permita, realmente, a recuperação social deles.
Marcos apontou que um dos fatores que contribui para a atual crise reside no fato de que os pais não têm mais tempo de criar seus filhos, transferindo esse papel para a televisão, jogos de vídeo game, redes sociais e outras ferramentas.
“O traficante, através da benesse, oferece o que os pais não têm condições de ofertar, sem orientação e apoio da família. Ele, primeiro, se torna um aviãozinho; em seguida, se vicia; e depois se torna escravo do traficante, indo para às ruas assaltar, matar, estuprar e praticar outros delitos”, acrescentou.
Marcos do PSOL defende que é preciso fazer uma política que consiga barrar a fonte desses problemas, que são graves. E isso implica na reformulação do aparato de segurança, com a desmilitarização das polícias, com um programa específico que atue a partir da esfera federal, para que, entre outras ações, possa barrar a entrada de armas pelas fronteiras do país.
“Nós temos que melhorar a nossa polícia federal, tanto em equipamentos materiais de uso, quanto material humano”, disse.
RECUPERAÇÃO
No tocante a reinserção de um indivíduo à sociedade, Marcos Antônio sugere que quando uma pessoa infringir a lei, ao ser presa, ela seja submetida a um processo de formação profissional e não apenas frequentar a “universidade do crime”.
“Nós precisamos de uniforme escolar, de pedra para calçar ruas, bombeiros, eletricistas, pedreiros... e temos homens ociosos, passando o dia planejando e aprendendo mais ainda com a universidade do crime”, mencionou, referindo-se ao que ocorre atualmente nas cadeias públicas.
O vereador do PSOL questiona porque o preso não pode trabalhar para manter o seu próprio sustento. E que do seu salário fosse destinado uma percentagem para um fundo de poupança, para quando ele sair da prisão, profissionalizado, tenha um fundo financeiro para reiniciar sua vida.
“Acredito que uma política nessa direção, aperfeiçoada e aprofundada, teríamos tranquilamente uma reação em médio e até curto prazos, de redução da criminalidade”, opinou.
PARTICIPANTES
Entre os presentes à Audiência Pública, destaque para: Ricardo Sérgio Costa de Oliveira (sub-secretário de Segurança Pública e da Defesa Social), major Eduardo Franco Correia Cruz (adjunto de Operações do Comando de Policiamento Metropolitano), Ivenio Hermes (especialista em segurança pública do Fórum Brasileiro), José Antônio Aquino da Silva (SINPEF), Edmilson Lopes Júnior (professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN e pró-reitor de extensão), Marcos Dionísio (Conselho Estadual de Direitos Humanos), Roberto Campos (Associação dos Cabos e Soldados da PM), Eliabe Marques (Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais Militares e Bombeiros Militares do RN), entre outros representantes e convidados.


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